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Novos tratamentos da hiperplasia benigna da próstata reduzem riscos e melhoram qualidade de vida do paciente

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Mais da metade dos homens acima dos 60 anos de idade e cerca de 90% daqueles com idade superior a 80 apresentam aumento da próstata, cientificamente chamado de Hiperplasia Prostática Benigna (HPB). Embora esse crescimento faça parte do processo natural de envelhecimento, alguns pacientes podem apresentar complicações, como a obstrução parcial ou total da uretra, canal por onde passa a urina. Nesses casos, o tratamento cirúrgico pode ser necessário para eliminar ou reduzir sintomas da doença. Entre as opções recentes de tratamento minimamente invasivo da HPB, destacam-se a cirurgia robótica, a enucleação prostática com holmium laser (Holep) e o aquablation.

A maioria dos casos de hiperplasia da próstata é tratada com medicações de uso contínuo que aliviam os sintomas. Contudo, aproximadamente 30% dos pacientes não respondem, não se adaptam aos efeitos colaterais das medicações ou apresentam alguma complicação relacionada ao crescimento da glândula prostática. Esses são candidatos em potencial ao tratamento cirúrgico, tradicionalmente representado pela ressecção endoscópica, também conhecida como raspagem (RTU) da próstata, e pela prostatectomia (remoção da próstata), que pode ser feita de forma convencional (aberta), por videolaparoscopia ou por via robótica. Recentemente, outras opções surgiram como alternativas, tais como os tratamentos a laser.

Entre estes, destaca-se a Holep, tratamento recentemente adquirido pela Rede D’or em Salvador. Neste procedimento, um pequeno equipamento em formato de cilindro é colocado dentro da uretra para destruir o tecido que está atrapalhando a passagem da urina pelo canal. O feixe de raios utilizado para cumprir essa “missão” é controlado pelo cirurgião através de um pedal. “O procedimento é relativamente rápido e a maioria dos pacientes tem alta hospitalar em 24 horas”, pontuou o uro-oncologista Augusto Modesto. Entre as vantagens do procedimento estão menor sangramento, menos dor no pós-operatório, menos tempo com sonda após a cirurgia e menor tempo de internação hospitalar. “Só para efeito de comparação, na prostatectomia aberta, muito mais invasiva, o período médio de internação hospitalar varia de 5 a 11 dias”, completou o cirurgião.

 

Os benefícios do Holep são semelhantes àqueles oferecidos pela cirurgia robótica. Só que enquanto no procedimento a laser não há incisões na pele, na robótica há pequenas incisões (de 8 a 13 milímetros), nas quais são introduzidos os braços do robô com os instrumentos cirúrgicos e uma câmera. “Através de um console cirúrgico, o cirurgião controla os braços robóticos e tem a vantagem de uma visão 3D da anatomia do paciente, com aumento de até 10 vezes na imagem em alta definição. Precisão, segurança e redução de riscos são grandes diferenciais desse tipo de tratamento, que está disponível em Salvador desde 2019”, destacou Augusto Modesto, integrante do Robótica Bahia – Assistência Multidisciplinar em Cirurgia. 

 

Outra inovação no tratamento minimamente invasivo da HPB, ainda não disponível no Brasil, é o aquablation, tecnologia que permite a ablação do tecido prostático por meio de um jato de soro fisiológico. Neste procedimento, nenhuma energia de calor é usada, ao contrário da RTU e dos lasers. A destruição do tecido da próstata é realizada por meio de um jato pulsado da mistura de água com cloreto de sódio em altíssima velocidade e alta pressão, controlado por um sistema robótico guiado por controle de ultrassom da próstata.  Além de apresentar as vantagens de outros procedimentos minimamente invasivos, a técnica tem a precisão da cirurgia robótica e as vantagens de utilizar a água como fonte de energia, sem gerar calor e sem afetar os tecidos adjacentes, preservando a função sexual e a ejaculação dos pacientes. A eficácia é igual ou superior à clássica cirurgia de ressecção transuretral da próstata (RTU ) no que diz respeito à melhora dos sintomas miccionais.

O tratamento (medicamentoso ou cirúrgico) da HPB visa melhorar a qualidade de vida de pacientes que apresentam sintomas como hesitação no início da micção, diminuição da força do jato urinário, gotejamento terminal, intermitência, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, urgência urinária e nictúria, ou seja, volume de secreção urinária noturno maior do que o diurno. Além disso, complicações como sangue na urina (hematúria), infecções recorrentes do trato urinário e até retenção urinária aguda podem ocorrer nos estágios mais avançados da doença. “A escolha da modalidade de tratamento e do tipo de acesso cirúrgico é uma decisão técnica, baseada no volume da próstata, na experiência do cirurgião, na presença de complicações locais e nas comorbidades do paciente. Cada caso deve ser avaliado de forma personalizada”, frisou Augusto Modesto. 

Vale destacar que uma parcela significativa de homens com HPB não necessita de tratamento. “Este grupo pode obter melhora dos sintomas do trato urinário inferior por meio da adoção de medidas não farmacológicas, como a redução da ingestão hídrica noturna, do consumo de cafeína e seus derivados e de bebida alcoólica. Evitar o uso de descongestionantes e anti-histamínicos também é recomendável nesses casos”, completou o uro-oncologista. São candidatos a este tipo de vigilância ativa os homens com sintomas leves ou moderados e com impacto mínimo na qualidade de vida. Há necessidade de reavaliação anual.

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