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Câncer de próstata: opções de tratamento variam da vigilância ativa à cirurgia

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Para doença localizada, que só atingiu a próstata e não se espalhou para outros órgãos, cirurgia, radioterapia e até mesmo vigilância ativa (em algumas situações especiais) podem ser indicadas como opções de tratamento. Para tumor localmente avançado, radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal têm sido utilizados. Para câncer em fase de metástase, que já se espalhou para outras partes do corpo, o tratamento mais indicado tem sido a terapia hormonal. As opções de tratamento são avaliadas com base em alguns fatores, como estágio da doença, idade do paciente e seu estado de saúde, efeitos colaterais e preferências do paciente e do cirurgião. “A escolha deve ser individualizada e definida após médico e paciente discutirem os riscos e benefícios de cada opção. A experiência do médico e o melhor esclarecimento possível ao paciente fazem toda a diferença no momento desta definição, que precisa ser personalizada. Cada caso é um caso”, afirma o uro-oncologista Augusto Modesto, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Urologia – seção Bahia (SBU-BA).

Vigilância ativa – Ao contrário do que muitos pensam, nem todo câncer de próstata precisa ser tratado com cirurgia. Em certos casos, nem mesmo as sessões de radioterapia são recomendadas a princípio. Se atender a determinados critérios, a melhor indicação para o paciente pode ser entrar em um protocolo de vigilância ativa, um monitoramento do tumor de baixo risco e pouco volume por meio de exames e consultas periódicas para evitar ou postergar o máximo de tempo possível a cirurgia ou a radioterapia. “Enquanto o paciente atende aos critérios pré-estabelecidos, a vigilância se mantém. Apenas se houver progressão do tumor, o paciente é retirado do protocolo e encaminhado para tratamentos convencionais”, explica Modesto.

O maior benefício desse tipo de tratamento é a promoção da qualidade de vida através da prevenção de morbidades frequentemente associadas ao tratamento do câncer de próstata. “Cerca de 30 a 40% dos pacientes que se submetem à cirurgia ou à radioterapia para tratamento da doença tornam-se impotentes. Entre 5 e 15% passam a apresentar algum grau de incontinência urinária. Sobretudo para pacientes de meia idade, tornar-se impotente ou ter que usar fraldas descartáveis não só abalam seu bem estar, como também pode ser constrangedor. Se podemos evitar ou adiar esses problemas através da vigilância ativa, por que não fazer?”, declara Augusto Modesto que, desde 2015, acompanha pacientes que optam por essa estratégia.

Os critérios para entrar no protocolo de vigilância ativa são classificados com base nos exames de toque retal, PSA, e, principalmente, na biópsia da próstata. No Brasil, a demanda por este tipo de tratamento é crescente, mas por uma questão cultural do paciente e/ou comercial (os custos envolvidos na vigilância são muito menores), ainda há muitos que preferem partir logo para uma cirurgia. O comerciante Márcio Vinhas, 58 anos, pensou e agiu diferente. Mesmo depois de receber de um urologista a indicação de cirurgia imediata, ele procurou uma segunda opinião, que o apresentou à possibilidade de um tratamento não-cirúrgico a princípio.

“Quando o doutor Augusto me falou sobre os benefícios da vigilância ativa e que eu atendia os critérios para entrar no protocolo, decidi encarar. Minha esposa ficou preocupada, mas depois de ser esclarecida, apoiou minha decisão. Fui acompanhado durante quase três anos, durante os quais vivi muito bem. Depois desse tempo, ao realizar o acompanhamento de rotina, o médico viu que o tumor tinha progredido um pouco. Foi quando ele teve que me tirar do protocolo de vigilância ativa para me encaminhar para uma cirurgia. Eu preferia não ter saído mas, felizmente, a cirurgia robótica que fiz em São Paulo também foi um sucesso”, contou Márcio Vinhas.

Após a cirurgia, que foi feita em outro estado porque a plataforma robótica ainda não tinha chegado à Bahia, o paciente passou a ser acompanhado de três em três meses no primeiro ano, a cada seis meses a partir do segundo ano e anualmente a partir do quinto ano posterior ao procedimento. Atualmente, Márcio Vinhas se encontra com o PSA zerado, continente e potente. “Me sinto bem e se eu voltasse no tempo teria optado pela vigilância ativa com certeza”, declarou.

O aposentado João Antônio Vitório dos Santos, 64 anos, também ficou em vigilância ativa por um ano até ser encaminhado para a cirurgia. “Só quando o câncer começou a crescer foi que o meu médico disse que eu teria que me operar. Ele me deu a opção da cirurgia robótica e quando eu conheci os benefícios, não tive dúvida, ainda mais por ser diabético, hipertenso e ter excesso de gordura abdominal. Fiquei internado dois dias apenas. Não senti dor nenhuma. Me sinto bem e estou curado”, destacou.

Cirurgia – Quando há indicação para cirurgia de retirada da próstata (prostatectomia), pode-se optar pelas modalidades aberta, laparoscópica ou robótica. Na prostatectomia radical convencional, o cirurgião faz uma incisão (corte) maior para remover a próstata e os tecidos adjacentes. Na prostatectomia por laparoscopia, o cirurgião faz pequenas incisões, por onde são inseridos instrumentos especiais para remover a próstata. Um deles tem uma pequena câmara de vídeo na extremidade, que permite a visualização interna do abdome. Já na prostatectomia robótica, o cirurgião controla os braços robóticos para realizar o procedimento, através de pequenas incisões no abdome do paciente.

A cirurgia robótica é atualmente o tipo mais comum de cirurgia para o tratamento do câncer de próstata nos Estados Unidos e mais de 90% de todas as prostatectomias radicais são realizadas através deste método. “Com o auxílio do robô, removemos a glândula através de pequenos cortes através de uma imagem tridimensional e de alta definição, proporcionando ao cirurgião uma melhor visualização de toda a anatomia da próstata”, explica o uro-oncologista Augusto Modesto, integrante do Robótica Bahia – Assistência Multidisciplinar em Cirurgia. Ele destaca que o robô não tem autonomia para realizar o procedimento sozinho: os instrumentos são controlados exclusivamente pelo cirurgião, posicionado em um console através de joysticks, que fazem a retirada da próstata com o tumor de forma muito precisa, reduzindo as chances de lesão dos nervos responsáveis pela ereção e do esfíncter que controla a continência urinária. Salvador ainda é a única cidade da Bahia que possui a plataforma robótica: a tecnologia chegou a dois grandes hospitais da capital no ano passado.

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