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Monitoramento sem cirurgia pode ser opção para pacientes com câncer de próstata de baixo risco

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Nesta semana, a Revista Veja publicou uma reportagem sobre a vigilância ativa, opção terapêutica que pode ser adotada por pacientes diagnosticados com câncer de próstata que atendem a determinados critérios e que não precisam, necessariamente, passar por cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou qualquer tipo de procedimento invasivo, pelo menos enquanto o tumor localizado de baixo risco e pouco volume estiver estável. Apesar de não ser tão recente, este monitoramento ainda é desconhecido por muita gente e nem todo médico apresenta esta possibilidade como alternativa para seu paciente. Na vigilância, apenas se houver progressão do tumor, o paciente é retirado do protocolo e encaminhado para tratamentos convencionais. 

 

De acordo com o urologista Augusto Modesto, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Urologia seccional Bahia (SBU-BA), o maior benefício do tratamento é a promoção da qualidade de vida através da prevenção de morbidades frequentemente associadas ao tratamento do câncer de próstata. A estratégia, bastante difundida mundialmente em cânceres de próstata de baixo risco, é “gold standard” na Europa e nos Estados Unidos. “Cerca de 30 a 40% dos pacientes que se submetem à cirurgia ou à radioterapia para tratamento de câncer de próstata tornam-se impotentes. Entre 5 e 15% passam a apresentar algum grau de incontinência urinária. Sobretudo para pacientes de meia idade, tornar-se impotente ou ter que usar fraldas descartáveis não só abalam seu bem estar, como também pode ser constrangedor. Se podemos evitar ou adiar esses problemas através da vigilância ativa, por que não fazer?”, questiona Augusto Modesto que, desde 2015, acompanha pacientes que optam por essa estratégia.

 

Os critérios para entrar no protocolo de vigilância ativa são classificados com base nos exames de toque retal, PSA, e, principalmente, na biópsia da próstata, de preferência, guiada por fusão de imagens da ressonância multiparamétrica da Próstata. “O mais difícil é escolher os critérios de seleção, pois existem vários serviços em todo o mundo e ainda inexiste um padrão bem definido”, pontua o uro-oncologista que atende nas redes de saúde pública e privada de Salvador.

 

No Brasil, a demanda pela vigilância ativa é crescente, mas por uma questão cultural e/ou comercial, ainda há muitos que preferem partir logo para uma cirurgia. Estudos internacionais mostram que atualmente a estratégia da vigilância ativa é usada em 40% dos casos da doença no mundo. Cerca de 30% dos pacientes que entram no protocolo saem dele em até cinco anos e aproximadamente 50% não precisam ser tratados ao longo de 15 anos. “Garantir o tempo de sobrevida com qualidade antes da cirurgia tem sido uma opção elogiada pela maioria dos meus pacientes que optaram pela vigilância”, comentou Augusto Modesto. Nos homens que precisam sair da vigilância para iniciar o tratamento porque houve uma mudança no padrão de tumor, a chance de cura permance a mesma.

 

Para ser classificado como apto a entrar em vigilância ativa, o paciente tem que ter notas baixas na chamada escala de Gleason, baixo valor de PSA e a doença tem que estar limitada à glândula prostática de pequeno volume. “Outro ponto importante, é o perfil psicológico do paciente: ele sabe que tem câncer, mas fica tranquilo em se manter na vigilância”, detalha Augusto Modesto. O monitoramento é feito com toque retal e dosagem de PSA a cada 3 a 6 meses, biópsia anual e ressonância magnética. “A vigilância ativa é uma estratégia sofisticada e amparada por exames que, cada vez mais, aumentam a precisão do diagnóstico dos tumores biologicamente indolentes”, concluiu Augusto Modesto. 

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